Preciso falar de um capítulo especialíssimo na minha história com as revistas. As revistas de moda. A primeira já contei como foi, agora fiquei me lembrando da "passagem" seguinte. Minha mãe tinha uma saia de lã verde, que ela não usava mais. Desmanchei e a partir de uma saia minha, fiz outra, só que costurei à mão! Fiz ponto de haste(de bordado), um por um, pequenos e forrada!. Ficou ótima, fecho eclair e tudo.
Eu morria de vontade de ter roupas novas e costurar, mas não bastava isso, eu tinha que decifrar aqueles moldes, aquelas linhas todas, eu olhava aquilo e,...nada! Achava tão complicado que nem começava, até que conversando com uma tia sobre esse grande mistério, ela falou com tanta simplicidade e clareza que, pronto! Foi dada a partida...
No dia seguinte, corri ao jornaleiro e comprei uma Burda (as Neue Mode eu adorava também). É claro que eu tinha que complicar, mas mesmo assim, seguindo as instruções de tia Zilda, fui lá.
Tudo bem, mas as instruções eram em alemão! só depois vieram com suplementos em português, que eram muito pouco explicativas.Ok, segui em frente.O principal eu tinha entendido, o número do manequim e os números de cima da folha de moldes.
Lá fui eu. Molde pronto, tecido comprado, tudo bem, e como não tinha ainda máquina de costuras, costurava na casa da minha visinha, até que meu pai vendo a minha saga, me deu uma Singer, e como pesava...,ferro puro. Ótima, tenho ela até hoje, é meu pé de chumbo, costura tudo, couro, camurça, qualquer coisa.
Aí aconteceu uma coisa inesperada, a modelagem era feita para a mulher alemã que é muito mais alta e completamente diferente dos padrões da mulher brasileira, então, o 38 da Burda era equivalente a um 42!, mas a vontade era tanta, que o 42 virava 38, ia ajustando,ajustando, até chegar no que eu queria.No fim acho que começei a cultivar este estranho prazer, ajustar. Acho que por isso até hoje gosto tanto de concertar roupas.
Valia a pena. A roupa ficava muito boa, eu feliz de vida e todo fim de semana usava uma roupa nova, e resolvi então comprar outros figurinos e que falasse português. Foi a fase dos "Figurinos" com modelagens de Gil Brandão, e a Manequim, e por falar nisso, veja o que contou sobre a revista a esposa do sr.Victor Civita, fundador da Editora Abril - "Em 1959 surgia a primeira revista 100% de moda do Brasil, Manequim, da Editora Abril.
"Querida amiga,
Vou contar-lhe uma história da qual me lembro como se fosse ontem: meu marido Victor chegou para mim e disse simplesmente: “Sylvana, no Brasil não tem nenhuma revista de moda. É oportuno fazer uma. Aliás, você vai fazer uma!”
Era 1959. Um pouco amedrontada, mas entusiasmada com o desafio, não tive outro jeito, arrumei as malas e fui para a Europa fazer um estágio em várias editoras que publicavam revistas de moda e, na volta, nasceu Manequim"
Heloisa,
ResponderExcluirInteressante conhecer a origem de seu interesse por revistas e moda. Eu nunca tive nenhuma habilidade manual e tentei muitas vezes seguir os moldes do Manequim, mas em vão...
Trabalhei na Revista Claudia, como redatora e repórter (faz tempo...1968-70) e cobri muitas vezes a Fenit, entrevistei Pierre Cardin entre outros que vinham para as primeiras feiras de moda.
Depois me casei, tive filhos, fiquei só com a vida acadêmica. Em 1976 voltei para a Claudia com uma página mensal chamada "Mulher e Trabalho", que mantive até 81. Voltei novamente para a USP...
Nossa! Me alonguei demais...
Bjs.
Já vi que teremos muuuuito o que conversar...
ResponderExcluirbjs